Sunday, June 17, 2018

MUDA DE AGUAPÉ


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NO SITIO CULTIVO-AS EM REGIÃO DE BREJO. ELAS GOSTAM DE ÁGUA POLUIDAS!!!

OUTROS NOMES
Mururé, macrófitas, gigoga, patinho, camalote, baronesa, miriru, orelha-de-veado, pavoá, rainha-do-lago, uapê, jacinto-de-água ou aguapé, a planta Eichornia Crassipes

Aqueles que consideram o aguapé como uma praga queixam-se de sua rápida proliferação. Mal sabem eles que em águas puras ele não tem vez, não consegue crescer, fica parado. Nos rios de águas claras e nos rios de águas negras do Amazonas o aguapé não prolifera como o faz nos rios da Flórida, Mississipi, Louisiana ou em nossos rios poluídos. No Amazonas ele só cresce com força nos rios barrentos, como o Solimões. Conheço banhados bem equilibrados onde ele mal sobrevive; noutros, bem poluídos, ele cobre tudo. Em minhas lagoas de purificação de esgotos, no verão, ele consegue crescer até oito por cento ao dia. Não há planta mais eficiente que o aguapé em aproveitamento de energia solar e nutrientes. Mas é nisso que está sua grande utilidade. Sua taxa de crescimento é indicação biológica do grau de poluição. Ele é um termômetro de poluição, ao mesmo tempo em que constitui magnífico instrumento para purificação de águas.

As folhas são suculentas, de um verde vivo, e as flores oscilam entre diversos tons de azul, anil e violeta, com uma pincelada de amarelo no meio. Totalmente flutuante, o aguapé (Eichhornia crassipes) alcança um metro de altura, do topo dos talos, acima d’água, às pontinhas das raízes que se estendem abaixo da superfície.
Apesar de ser considerada uma praga devido facilidade de se reproduzir, o fato é que o aguapé também ganhou notoriedade como faxineiro das águas, capaz de remover poluentes orgânicos. Em geral, a espécie prolifera de maneira exagerada em águas excessivamente ricas em matéria orgânica. Porém, quando instalada em sistemas controlados de tratamento natural de efluentes, sem químicos, essa planta aquática é um excelente agente de limpeza.

Ocorre que os prosaicos aguapés se provaram aliados das águas cristalinas também quando a fonte de poluição é pesada e os efluentes se encontram contaminados com detergentes, fenóis ou metais pesados (chumbo, cádmio, cromo). E ainda têm outras serventias depois de completar a faxina, transformados em adubo (após a compostagem), ração animal e matéria prima para a indústria de papel e celulose ou para a produção de artesanato.

Em seu mestrado de Engenharia Agrícola na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Juliana Bortoli Rodrigues Mees comprovou a eficácia do aguapé em remover poluentes orgânicos de efluentes de matadouros e frigoríficos. Além de reduzir a carga de matéria orgânica dissolvida na água e diminuir a turbidez, a planta aquática chegou a absorver 77% dos nutrientes associados à eutrofização, como nitrogênio, nitrogênio amoniacal e fósforo.

A eutrofização, vale lembrar, é um processo de “sufocamento” de um corpo d’água relacionado à poluição orgânica causada por esgotos domésticos, efluentes agroindustriais ou excesso de fertilizantes lavados pelas chuvas. Devido ao acúmulo de nutrientes na água, ocorre a multiplicação repentina de algas, que passam a impedir a penetração dos raios solares. Há, então, uma redução drástica da quantidade de oxigênio dissolvido (anóxia) com a consequente mortandade de microrganismos, invertebrados aquáticos e peixes.

No caso dos efluentes de matadouros e frigoríficos, os efluentes contém resíduos de sangue, carne, gordura e vísceras. A pesquisadora fez medições durante 11 meses em um tanque com aguapés de 870 metros quadrados e depois ainda avaliou quatro tipos de compostagem para saber qual o melhor tratamento para os aguapés retirados do sistema. Além de eficaz, o uso de aguapés também tem custo reduzido em relação aos tratamentos convencionais.

Outros estudos demonstraram o potencial do aguapé para limpar efluentes de laticínios e abatedouros de aves. Em seu mestrado em Ecologia Aquática na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cátia Viviane Gonçalves ainda atestou a viabilidade de remover o metal pesado cromo dos efluentes da indústria de couro em um período mínimo de 5 dias num tanque com aguapés.


Haja utilidade para um modesto aguapezinho!





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